Ao me sentar no táxi e dizer o destino, já tive a
primeira impressão do que me esperaria pelos próximos dois dias: “Bem longe,
né, senhora? Torce para que a gente não dê de cara com o trânsito parado.”. Ao
contrário do que pensamos inicialmente, até que fomos bem; apenas 40 minutos de
trajeto. Porém, antes de me entregar sã e salva na recepção do hotel, avisou:
“Desculpe falar, dona, mas se puder não botar a cara pra fora à noite, faz
muito bem. Isso aqui fica entre três comunidades. Depois que escurece é um Deus
me livre!”. Muito animador para quem precisaria ficar por ali o fim de semana
inteiro.
Na recepção, ótimo atendimento, porém é tudo muito
simples. A recepcionista é educada, mas não explica nada sobre a casa. Eu é que
tive de cravejá-la de perguntas. Neste meio tempo, observei o movimento em
volta: homens. Só homens. Um chegou, pediu o cardápio e escolheu um bauru. “Vai
querer no quarto ou aqui mesmo no restaurante?”. Tudo muito estranho. Chegou
outro, pediu a chave. E mais outro, sentado na poltrona, fazendo nada. Logo
percebi que estava num hotel cuja clientela principal – ou exclusiva – é
masculina. Mais especificamente trabalhadores das obras que acontecem próximas.
Recebi a chave, entrei no elevador e... O apartamento é
401, mas o elevador só vai até o terceiro andar. Como assim? Havia mais este
detalhe para ser explicado, mas a educadinha da recepcionista deve ter pensado
que hóspede tem poder de adivinhação. É ele quem tem de descobrir, por conta
própria, que se deve descer no terceiro piso, procurar por uma escada e ir
quase tateando, até chegar ao local chamado por ali de cobertura.
Pelos corredores, mais informações estranhas no ambiente:
tapetes vermelhos, colunas revestidas por espelhos, meia luz. A resposta pra
tudo isso veio quando abri a porta do apartamento: um motel. Ou ex-motel. Ou um
motel que também funciona como hotel. Ou
tudo-ao-mesmo-tempo-agora-neste-instante.
As acomodações são enormes para quem apenas pretende
dormir e tomar banho, mas bastante satisfatórias, até porque tudo é muito limpo
e arrumado. Levei, inclusive, um susto com uma puta varanda acessada por uma
porta de vidro. Cadê meu lindo marido numa hora dessas?
Tudo muito legal, tudo muito bem, dormi, acordei
atrasada, arrumei tudo correndo, desci o elevador e... Para tudo! Dei de cara
com cerca de quinze homens numa recepção minúscula e eles, mais assustados que
eu, pararam a conversa, olharam pra mim estarrecidos e nunca mais retomaram o papo.
“Bom dia” pra lá, “bom dia” pra cá, café da manhã correndo, rua. E já
sentadinha no busão, concluí: “Jisuis, sou a única mulher naqueles quatro
andares.”. Foram vinte minutos de viagem rindo sozinha. Que situação!
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Um comentário:
Olá! Ilariante no mínimo não e´?!!
Eu enquanto homem, tento te imaginar por la´!
Coitada!!
Bj, fica bem.
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