Não gosto de moda. Pelo simples motivo de que coloca todo
mundo igualzinho, inibe a diversidade de gostos, de preferências e de estilos.
Tolhe vontades e impõe ao indivíduo o uso do que dita a tendência, independente
de lhe cair bem ou não.
Na praia, no feriado de Ano Novo, dois modelos de biquíni
marcaram presença. A cada cinco mulheres, quatro usavam os de babadinho no
peito ou tomara-que-caia torcido entre os seios. E se uma mulher chega a uma
loja hoje e pede algo diferente, não tem. “Mas esse é o que está usando!”. E se
eu não quiser usar o que está usando?
Ainda sobre o biquíni, não gosto de alças que amarram atrás
do pescoço. Primeiro, porque não aprecio marca de biquíni; segundo, porque me machucam um bocado. Prefiro as alças retas, como as de sutiã, bem finas,
cujas marcas ficam devidamente ocultas. Não tem. Nunca tem.
A ditadura do cabelo liso é outro exemplo. E já falei um
tanto sobre ela. Em algum momento alguém sentenciou que cabelo bonito é liso e
pronto. Todas as mulheres decidiram ser iguais. Independente da textura dos
fios, a ordem é alisar. E o que se vê são fios esticados, sem movimento, sem
graça, sem modulação. Muitas delas ainda pintam de preto bem preto e é bom nem
dizer aqui com que se assemelham.
Sem contar as meninas. Não consigo, por exemplo, diferenciar
as amigas do meu filho. Salvo a namorada, que tem os cabelos na altura dos
ombros, e outras exceções, todas tem o cabelo comprido e liso e se vestem bem
parecidas. Ninguém mais quer divergir, ousar, ser autêntico, sair do padrão.
Minha maior dificuldade em relação ao cabelo foi encontrar
uma profissional que gostasse e soubesse cuidar de cachos. Hoje em dia, basta
entrar num salão para ouvir: “Chegou um produto novo que faz uma progressiva
perfeita”. Não, obrigada, só quero tratar meus cachos. E recebo de volta um
olhar de desprezo, um nariz torcido e um atendimento de má vontade. Certa vez
fui a um salão arrumar as madeixas para um casamento. A cabeleireira mandou
logo lavar para escova, sem me perguntar nada. Quando disse que queria cachos
compostos e bonitos, tive de esperar quase meia hora, até que encontrassem o
difusor esquecido no fundo de uma caixa.
Voltando à praia, outra coisa interessante que observei foi
nome de cachorro, ou melhor, de cadela. De uma hora pra outra, parece que todas
as cadelinhas do mundo passaram a se chamar Mel. Num único dia estava em
companhia de três Mel à minha volta no quiosque: uma Duchshund, uma Yorkshire e
uma Vira-lata. Sem contar as outras Mel que conheço.
E agora, falando dos homens: a tal da barba virou um furor.
Gente, que engraçado, eles também ficam iguaizinhos, porque não se trata apenas
de deixar crescer e escolher um formato de corte. É usar corte idêntico, todo
mundo junto. O resultado, principalmente em grupo, é hilário.
Sem intenção de ferir o gosto ou o desejo de ninguém, quero
apenas dizer que para os meus olhos moda é um negócio que faz mal, porque me
confunde: fiquei zonza na praia ao ouvir tantas vezes numa tarde o nome Mel.
Nesse mesmo passeio, para todos os lados que olhava havia um homem ou uma turma
com a mesma barba - quem é quem? - e já falei aqui do quanto me custa
diferenciar as amigas do meu filho. Além de me desorientar, atiça minha
rebeldia. Desde sempre não me adapto a padrões. Basta ver que é tudo conforme,
obediente a um dito qualquer, para que eu queira diferente. E se a moda é estar
sempre dentro de um padrão, sou fora de moda, com muito gosto.
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