Alguns meses atrás, uma postagem na rede social suscitou a
sugestão de uma amiga: isso acaba em crônica, não? Na hora até pensei que sim,
depois deixei pra lá, afinal, o assunto é tão corriqueiro. Só que o tema empolgou
os ânimos, não apenas com os comentários na própria postagem, como os
tradicionais e-mails e também as conversas in box, nos quais se pode dizer o
que quiser, em particular.
Na época havia presenciado uma cena tragicômica no
restaurante: uma cliente chegou e imediatamente bradou para a amiga ao lado:
“eu sempre prefiro o arroz integral!”. Por cima do arroz despejou uma concha
bem cheia de creme de milho; em seguida, uma quantidade considerável de rabada.
Nenhum vegetal. Já à mesa, nada menos que dois envelopes de sal foram
espalhados por todo o prato.
Como em qualquer outra área em que se aprimora uma
atividade ou hábito, o indivíduo se torna muito crítico, querendo ou não. E na
alimentação não é diferente. De uns bons anos para cá venho refinando minha
forma de comer, como escolho meus alimentos, onde e como faço minhas refeições.
Em busca de garantir maior qualidade de vida e de assegurar mais alguns anos
nesta terra (no que tange à minha responsabilidade, claro), abdiquei de carnes
vermelhas, açúcares, sal e gordura. Sério. Não abri mão de 100% de tudo isso,
mas na minha rotina entra muito pouco ou quase nada dos itens citados.
Valorizo os integrais, os vegetais, os não
industrializados. Eu mesma preparo minhas refeições diárias, as quais levo para
o trabalho acondicionadas em marmita, a fim de evitar a comida salgada,
suculenta e muitas vezes brilhosa de óleo que é oferecida nos restaurantes. Claro
que aos finais de semana ou num evento social dou-me ao desfrute de uma
cerveja, um tira-gosto ou um docinho. Mas, creia, a gente acaba se acostumando
e nunca mais consegue deitar e rolar na jaca. A reeducação alimentar gradativa
me faz cada dia mais exigente e, portanto, quando me deparo com a cena descrita
lá em cima, após o espanto diante da irracionalidade, caio na risada.
Ouvi de um nutricionista há algum tempo que “conhece-se a
desinformação e o nível de educação do indivíduo pelo prato que ele monta”. Êita,
assunto delicado! Mas o episódio da mulher no restaurante denota um tanto de
desinformação, sim, não só no quesito saúde como na (falta de) combinação dos
pratos. Cá pra nós: rabada com creme de milho, ui!
Os self service colaboraram muito para os desinformados criarem
pratos pra lá de descombinados. A diversidade de opções, que deveria ajudar a
compor uma refeição, arrasta o cidadão normalmente faminto a fazer uma miscelânea
sem precedentes. Sem contar a total falta de preocupação com o pobre do
estômago e o coitado do fígado. Restaurantes self service com churrasqueira são
o que há de pior para incentivar tal prática. O cliente chega, pega seu prato,
estende-o ao churrasqueiro e vai citando todas as partes do boi, com direito a
umas lasquinhas suínas. Sai dali, passa pelo balcão, pegas uns ovinhos de
codorna, na balança pede uma Coca-Cola e pronto. Aliás, o que são aquelas
ambientes enfumaçados e cheirando a gordura?! Céus!
Nesta esteira, lembro da mulher que num self service da
vida abarrotou o prato de frango à passarinho e tentou comer com garfo e faca. Resultado: uma
tragédia. Ao se arriscar com os talheres, numa espetada mal calculada
o frango se tornou mesmo passarinho e voou longe, indo mergulhar num prato de
caldo. Um desastre, enfim.
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2 comentários:
Giovana, eu sempre fui o rei dos excessos. Excesso de fritura, de doce, de refrigerante, de café, e de álcool. Vai fazer um mês que retirei a vesícula, ainda estou em recuperação. Assim como você, mudei completamente meus hábitos alimentares. Cortei a gordura, e o resto eu como moderadamente. A gente pode comer o que quiser, só não podemos exagerar. Não é legal. Eu tive que levar um "puxão de orelha" pra aprender isso, hehehe. Mas foi melhor assim, eu fazia muita mer***, e como diz aquele ditado: há males que vêm para o bem. Beijo, feliz 2013!
Você é o que você come, sabendo-se que 70% do corpo se reflete na sua alimentação! Mais ou menos isso...
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