13 de janeiro de 2013

Prato cheio


Alguns meses atrás, uma postagem na rede social suscitou a sugestão de uma amiga: isso acaba em crônica, não? Na hora até pensei que sim, depois deixei pra lá, afinal, o assunto é tão corriqueiro. Só que o tema empolgou os ânimos, não apenas com os comentários na própria postagem, como os tradicionais e-mails e também as conversas in box, nos quais se pode dizer o que quiser, em particular.

Na época havia presenciado uma cena tragicômica no restaurante: uma cliente chegou e imediatamente bradou para a amiga ao lado: “eu sempre prefiro o arroz integral!”. Por cima do arroz despejou uma concha bem cheia de creme de milho; em seguida, uma quantidade considerável de rabada. Nenhum vegetal. Já à mesa, nada menos que dois envelopes de sal foram espalhados por todo o prato.

Como em qualquer outra área em que se aprimora uma atividade ou hábito, o indivíduo se torna muito crítico, querendo ou não. E na alimentação não é diferente. De uns bons anos para cá venho refinando minha forma de comer, como escolho meus alimentos, onde e como faço minhas refeições. Em busca de garantir maior qualidade de vida e de assegurar mais alguns anos nesta terra (no que tange à minha responsabilidade, claro), abdiquei de carnes vermelhas, açúcares, sal e gordura. Sério. Não abri mão de 100% de tudo isso, mas na minha rotina entra muito pouco ou quase nada dos itens citados.

Valorizo os integrais, os vegetais, os não industrializados. Eu mesma preparo minhas refeições diárias, as quais levo para o trabalho acondicionadas em marmita, a fim de evitar a comida salgada, suculenta e muitas vezes brilhosa de óleo que é oferecida nos restaurantes. Claro que aos finais de semana ou num evento social dou-me ao desfrute de uma cerveja, um tira-gosto ou um docinho. Mas, creia, a gente acaba se acostumando e nunca mais consegue deitar e rolar na jaca. A reeducação alimentar gradativa me faz cada dia mais exigente e, portanto, quando me deparo com a cena descrita lá em cima, após o espanto diante da irracionalidade, caio na risada.

Ouvi de um nutricionista há algum tempo que “conhece-se a desinformação e o nível de educação do indivíduo pelo prato que ele monta”. Êita, assunto delicado! Mas o episódio da mulher no restaurante denota um tanto de desinformação, sim, não só no quesito saúde como na (falta de) combinação dos pratos. Cá pra nós: rabada com creme de milho, ui!

Os self service colaboraram muito para os desinformados criarem pratos pra lá de descombinados. A diversidade de opções, que deveria ajudar a compor uma refeição, arrasta o cidadão normalmente faminto a fazer uma miscelânea sem precedentes. Sem contar a total falta de preocupação com o pobre do estômago e o coitado do fígado. Restaurantes self service com churrasqueira são o que há de pior para incentivar tal prática. O cliente chega, pega seu prato, estende-o ao churrasqueiro e vai citando todas as partes do boi, com direito a umas lasquinhas suínas. Sai dali, passa pelo balcão, pegas uns ovinhos de codorna, na balança pede uma Coca-Cola e pronto. Aliás, o que são aquelas ambientes enfumaçados e cheirando a gordura?! Céus!

Nesta esteira, lembro da mulher que num self service da vida abarrotou o prato de frango à passarinho e tentou comer com garfo e faca. Resultado: uma tragédia. Ao se arriscar com os talheres, numa espetada mal calculada o frango se tornou mesmo passarinho e voou longe, indo mergulhar num prato de caldo. Um desastre, enfim.
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2 comentários:

Luciano Neto disse...

Giovana, eu sempre fui o rei dos excessos. Excesso de fritura, de doce, de refrigerante, de café, e de álcool. Vai fazer um mês que retirei a vesícula, ainda estou em recuperação. Assim como você, mudei completamente meus hábitos alimentares. Cortei a gordura, e o resto eu como moderadamente. A gente pode comer o que quiser, só não podemos exagerar. Não é legal. Eu tive que levar um "puxão de orelha" pra aprender isso, hehehe. Mas foi melhor assim, eu fazia muita mer***, e como diz aquele ditado: há males que vêm para o bem. Beijo, feliz 2013!

Wellington Morais disse...

Você é o que você come, sabendo-se que 70% do corpo se reflete na sua alimentação! Mais ou menos isso...