Fica o cheiro na face, na mão, e o gosto tão conhecido de
beijo e carinho, depois que ele vai embora.
Fica um ar triste, melancólico, o olhar perdido, parado
no tempo, depois que ele vira aquela esquina.
Fica um andar arrastado, a mente parada, o choro travando
a garganta, quando fecho a porta atrás de mim.
Fica a falta do lanche compartilhado, das boas conversas
e das muitas risadas, quando sento à mesa da cozinha.
Fica a lembrança da cumplicidade, das trocas de olhares e
dos segredos guardados a dois, quando revejo suas fotos.
Fica a vontade de ouvir os passos trôpegos na escada, o
som alto no banheiro, o jeito tão engraçado de me chamar, que ouço mesmo na sua
ausência.
Fica uma saudade imensa de um passado que jamais volta,
que agora é só memória, mas ao mesmo tempo uma felicidade que nem me cabe, pelos
novos tempos de agora; por isso preciso me reinventar a cada minuto.
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