Sim, Festa, mas apesar do clima festivo, o assunto é sério. A Festa Literária Internacional de Paraty – Flip, este ano na 11ª edição, atrai gente de todo canto com uma extensa programação de mesas de debates, com escritores brasileiros e do resto do mundo, além de promover a Flipinha para a criançada e a Flipzona para a galera jovem. Paralelo aos eventos principais, muita gente faz de tudo um pouco por lá. Os grandes jornais e editoras, por exemplo, realizam encontros muito produtivos em suas bases temporárias na cidade histórica.
Aprende-se muito. A Flip é um momento ímpar de reciclagem geral no trabalho com a escrita para aqueles que buscam renovação de ideias e informação sobre o que se tem feito e discutido no campo da literatura, tanto nacional como internacionalmente. Porém, nem todos veem desta forma. Não há como negar que é ótima oportunidade para novos autores divulgarem suas obras na tentativa daquele lugarzinho ao sol. O que ocorre é que muitos vão à Flip apenas com esta intenção, a de comer o prato principal, mas se esquecem de sentar à mesa.
Numa edição recente da Festa, fiz uma palestra para escritores independentes, como eu, na Casa do Clube de Autores. Dividi com o público o que aprendi sobre autodivulgação e ainda dei dicas do tipo ler muito, escrever corretamente releases e emails. Logo que terminei, fui abordada por um poeta, com livro editado, que fizera palestra antes de mim e que queria estender o papo. Disse a ele que estava com pressa, pois tinha ingressos para assistir à próxima mesa de debates da programação principal, ao que ele atacou: “Você tem tempo pra isso quando vem à Flip? Eu não. O trabalho é árduo. Na verdade, eu nem gosto de ler.”.
Surpreso? Como ele há muitos cegos diante da oportunidade de aprender, de se dispor a ouvir, se alimentar de conhecimento, beber de fonte rica de criatividade. Se não estão lá apenas para vender suas obras, passeiam pela cidade durante os cinco dias no intuito de bordejar pelos saraus para ‘conhecer gente interessante’. Uma pena.
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