Essa foi minha exclamação, em voz alta, ao dar de cara com a
chamada erótica na primeira página de um portal de notícias: “Dezenas de
posições sexuais para você ousar na cama, no chão e onde mais imaginar”. Não se
trata de uma matéria; o link leva a uma galeria de ilustrações, com 69 quadros
(número sugestivo, inclusive), em que cada posição é nomeada e explicada em
detalhes, para quem quiser exercitar sua, digamos, disposição física.
Não fiquei exatamente chocada, mas confesso que paralisei.
Na minha infância e adolescência estas coisas só eram vistas furtivamente, naquelas
revistinhas que apareciam na escola e que víamos às escondidas no banheiro
entre risinhos e faces coradas. E as tais revistinhas nem chegavam perto do que
vemos hoje, no que tange à arte. Eram publicações de bolso, com ilustrações
toscas, apenas de contornos, sem cor, mas suficientes pra deixar a turma
reprimida roxa de curiosidade. Passavam de mão em mão, desapareciam no banheiro
dos meninos, reapareciam enxovalhadas e aquilo rodava. Era o máximo a que
conseguíamos ter acesso, além das revistas masculinas, que meus irmãos
mantinham bem escondidas e que de vez em quando também circulavam nos banheiros
masculinos do colégio.
O que vi no portal de notícias é um curso rápido, grátis, em
cores, em que o interessado pode aprender passo a passo como tirar prazer de
uma boa transa em várias tentativas. Coisa que a gente também não via com tanta
minúcia nas pequenas publicações de antigamente. Com a saúde em dia e o corpo ainda
bastante flexível, é possível tentar (e conseguir?) levar adiante alguns
minutos na posição “Escadinha” ou fazendo o “Arco Sagrado”. Agora, mesmo com
muito preparo físico, gostaria que alguém me contasse, caso já tenha tentado
com ou sem sucesso a “Montanha russa”, “Os malabaristas” ou a “Mergulhadora”.
Demais até pra imaginar.
Como dizia, lá nos idos de 70, quando na minha família não
se podia dizer ‘bunda’, sem levar tapa na boca, qualquer assunto relacionado
era proibido. Hoje em dia, sabe-se que sexo não é novidade nem tabu para a
galerinha (não sei se felizmente ou infelizmente, isso é relativo), mas há,
sim, muita facilidade de acesso sem controle. Sinceramente, não sei opinar se
tal chamada poderia estar em destaque e ilustrada na primeira página de um
portal de notícias, mas se fiquei surpresa pode ser que ainda não concorde com
isso. Continuo em reflexão.
Deve ser por este motivo que chego quase ao fim desta
crônica sem me decidir se disponibilizo ou não o link do cursinho básico. Se não
o fizer, estaria praticando censura? Será
que a equipe editorial do portal discutiu isso? Parei aqui.
Pronto, voltei e decidi. Está aqui o Kama Sutra revisitado,
como diz o subtítulo da pretensa matéria. Porém, vamos fazer um acordo: veja,
tente se quiser, mas promete que volta pra contar?
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Um comentário:
E eu ia bem pedir o link. Nem pra tentar (pelo menos não antes de ver... rsrsrs), mas pra ver as tais posições "malabarísticas"...
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