A viagem de ida foi puro engano. Pouquíssima retenção na
estrada, em relação ao esperado. A mesma de sempre na via Dutra na altura de
Nova Iguaçu, nada na ponte, alguma coisa na Niterói-Manilha e só. Um por do sol
maravilhoso deu a doce ilusão de que os dias de folga até a passagem do ano em
Búzios seriam no mínimo agradáveis. Tudo bem, até foram, mas porque tenho um
talento brilhante para transformar o desagradável em prático-divertido; desta
forma não se perde de vez as esperanças, a ponto de desistir e voltar para
casa.
Não sei exatamente porque um programa silvícola tem este
nome - talvez algum preconceito em relação aos nossos queridos índios. Mas, se
for definir de forma bem popular o que foi meu Réveillon naquela saudosa pacata
cidade da região dos Lagos, digo que foi (quase) programa de índio. O lugar
estava inviável!
Numa das noites, saí de carro às 22h para comer e quando consegui
já eram mais de meia-noite. Uma pizza, até que gostosinha, num quiosque, no
Radical Parque, porém nem de perto era o que esperávamos. Para chegar até lá o
trajeto de poucos quilômetros foi uma tortura, se considerado o tamanho da fome
- engarrafamento em todo o percurso, sem possibilidade de se encontrar uma vaga
para estacionar.
Também era impossível sair de dia. Desistimos da aventura e
pagamos um estacionamento perto da pousada (que não tem vagas para todos os
hóspedes) para deixar o carro até o dia de ir embora. Ouvia, de dentro do meu
apartamento, o buzinaço na rua em frente, dos motoristas nervosos tentando se
ajeitar na estreita avenida Geribá, abarrotada de veículos estacionados dos
dois lados e uma sobra minúscula para circulação. Sem contar os pedestres que
precisavam andar nas ruas, porque não há passeio(!) – as calçadas são estreitas
e ocupadas por árvores, ou lixo, ou entulho, ou mato.
Há quem goste exatamente disso, da muvuca, do tumulto, de
fila em restaurante, de engarrafamento em balneário, de gastar uma fortuna para
se hospedar e não conseguir fazer um bom passeio, de praia com pouca ou nenhuma
estrutura para receber turistas e mesmo assim, sem espaço para acomodar tanta
gente. Há quem não se importe em chegar à praia e constatar que ela foi toda privatizada
por casarões, condomínios e pousadas, sobrando um corredor de 2m de largura
para chegar até a areia. Há quem ache normal ser abordado por um garçom metido
a besta e ouvir dele que em seu restaurante não se cobra taxa de 20 reais para
ocupar uma mesa, mas que é preciso pedir ao menos um camarão pra desfrutar de
todo o conforto que ele oferece; afinal, trata-se de “uma casa de três milhões
de reais que foi reformada e blá-blá-bla”, ah, tá.
A opção foi ficar na piscina da pousada e tentar ir à praia
no fim da tarde, para não ter de enfrentar o pouco espaço e gente se apertando
entre as barracas. A pousada até que é bacana, mas tem sempre um ‘mas’. Pedir
uma cerveja na piscina e ouvir que se quiser copo devo pegar os do apartamento,
chega a ser risível. Ou algo assim: “Senhora, pode trocar as toalhas, por favor?”
“Ah, não, já troquei ontem; não tem ordem pra trocar hoje, não.”.
No pequeno restaurante com uma varanda convidativa onde o
vento sopra forte, tudo dava a entender que teríamos um almoço saboroso e
agradável, raro por ali em dias de mega lotação. Outro engano. Chegamos, fomos
atendidos prontamente por uma argentina muito educada (aliás, os argentinos
estão colonizando Búzios!). Pedimos um peixe e dois refrigerantes, mas solicitamos
que trocasse os copos porque os da mesa estavam muito, mas muito sujos. Os copos novos, vindos da cozinha cheios de gelo
deram água na boca pra matar a sede naquela coca gelada. Não rolou. A sujeira por
dentro do copo deu arrepio de nojo. “Senhora, pode trocar de novo? Acho que seu
gelo é que está sujo, olha só. Faça o favor, traz novos copos sem gelo.”. Argh,
coca quente, quente, que m*. Enfim, chegou o prato, até bonito, mas eis que
enterro o garfo no peixe e descubro que está totalmente cru por dentro. Vambora,
vambora, vamboooraaa!
Enfim, o que salvou o programa, além das alternativas
inventadas para não sucumbir, foi a boa companhia e o encontro com familiares,
esta, sim, a parte divertida da história.
Como é bom encontrar pessoas adoráveis e conhecer outras tantas. Muito riso,
muito papo bom, muitos abraços calorosos e afetuosos, muita música e astral lá
em cima. Ótimo jeito de começar o ano, sem dúvida.
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8 comentários:
Na verdade, qualquer local com praia em qualquer feriado prolongado com sol dá nisso! O foda é pagar caro pra ficar enlatado (entalado tb serve!), aí não dá!! Eu e Fabrizio fizemos um tour pré-reveillon (Rio-Angra-Paraty) e, sério, me deu vergonha de ser gente, ao ver o mal uso das praias, o som absurdamente alto dos carros e barcos e a porqueira que fazem na areia. Sábia foi a decisão de virarmos 2012/2013 aqui em VR mesmo!! Ó...Foi lindo!! Cerva gelada, comida boa, música melhor ainda, a presença de pessoas queridas e tudo isso sob a luz de uma lua cintilante!! Valeu ter ficado!!
p.s.: E no final da farra poder deitar na sua caminha... Hummm não tem preço!! (e não tem mesmo, foi de graça! hehe)
Passei em Bracuhy, e não pudemos ir além dessa mesma praia, o engarrafamento na Rio-Santos tava homérica, minha nossa!!Feliz 2013!bjão
Giovana você tem razão em tudo o que diz, sou morador da cidade consumo dentro da mesma, uso os serviços de restaurante pousada etc...e entendo perfeitamente o que diz!
Amo essa cidade sei que passou dias ruins, mas não deixe de visitar em outras épocas de baixa temporada também por que entendo que falta serviço mas a beleza do local vai além do que se vê.
Espero que volte e tenha uma segunda impressão da cidade, estamos agora entrando em uma nova administração que acredito que resolvera todos os nossos problemas de infra-estrutura e qualificação. Eu sou apenas um morador que gosta de coisas boas tranqüilidade e bom serviço e entendo perfeitamente como se sente...mas por favor não deixe de vir espero que tenha uma outra impressão. Desejo a você um feliz ano novo e que desfrute e esteja sempre na companhia de pessoas especiais e positivas.
Caro anônimo aí de cima.
Com certeza penso em voltar a Búzios numa época mais tranquila, para poder desfrutar de tudo o que sei que existe na cidade. Mas, sem este tumulto todo de ano novo.
E tenho certeza que vou gostar!
Grande abraço e obrigada pela visita e pelo comentário.
Acho que vc foi muito injusta em sua matéria com relação a cidade onde moro. Problemas de infraestrutura existem sim, pois somos em torno de 29.000 hbitantes e na alta estação chegamos a 200.000 sem contar com os turistas, veranistas e moradores de outras cidades vizinhas que visitam búzios diariamente em busca de melhores praias e lugares mais bonitos para passarem o dia. Infelizmente vc escolheu o lugar mais badalado de Bz para se hospedar e também ir à praia. Moro em Bz e sei perfeitamente fazer minhas escolhas em feriadões, mas infelizmente as pessoas querem ser vistas e notadas por outras, quermver celebridades na praia de Geribá, então é esse o preço que se paga. A nova administração pode sim tentar resolver alguns pontos falhos qdo se diz reapeito ao transito, mas na av. principal de Bz problema nunca será resolvido, não tem como alargar tanto aquela av, já que moramos em uma minúcula península, atésinal de trânsito é proíbido na cidade de acordo com a legislação e, caso um dia isso venha mudar, eu saio da cidade. Faça como meus amigos e parentes, venha em Búzios fora de feriadões e alta temporada, vc vai ver que o páraíso existe. Bz é o balneário mais charmoso do Rio de Janeiro. Qdo vier por aqui, conheça praias menos famosas como Manguinhos, José Gonçalves, Caravelas, praia Brava. Lá também tem celebridades, mas não aquelas qu querem ser vistas rsrsrsrsrs. Bom retorno! Eduardo Lopes
Então, Eduardo, como eu disse num comentário pela janela do Facebook aí acima, fiquei em Geribá por causa de um encontro em família. Ficamos hospedados em diferentes pousadas próximas a casa de uma prima que mora lá, onde fizemos nossos festejos.
Deu no que deu.
Mas prometo voltar em dias mais tranquilos.
Queria muito muito ser o tipo de pessoa que se esforça pra encontrar algo aceitável numa situação dessas. Não sou, mas não tem problema. Búzios, há muitos anos, não faz parte da lista de possibilidades na minha vida.
A minha - falta de opção de - escolha fez do meu Reveillon o melhor dos últimos anos: jantarzinho em casa com marido e um super filme depois. Na hora da queima dos fogos, inclusive, tivemos que dar pausa, porque o barulho nos atrapalhou um pouco. Só, mas perfeito!
Só posso dizer uma coisa: "Quando tudo está perdido sempre existe um caminho"!
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