Direito mesmo, juridicamente falando
Já fui chamada de nomes diversos por defender os direitos dos animais. Já ouvi coisas do tipo “só gosta de cachorrinho, não gosta de gente”, “deveria se preocupar com as criancinhas abandonadas”, “gente louca, histérica”, “carente, deve chamar cachorro de meu filho”, fora aquele povo criminoso que organiza, realiza e aplaude rodeio. Esses, então, são muito criativos na hora de defender o próprio direito de encher o bolso de dinheiro em detrimento da decência.
Isso mesmo. Decência. Porque na minha opinião não é decente amarrar um boi pelo saco e fazê-lo saltar numa arena; não é decente prender bicho que voa em gaiola; não é decente abandonar cão na rua por qualquer motivo; não é decente caçar animal, em nenhuma hipótese; não é decente retirar qualquer animal de seu habitat para criá-lo em cativeiro; não é decente utilizar animal em experiência científica; não é decente vender ou comprar animal; não é decente levar um cachorro para casa e mantê-lo preso a uma corrente no fundo do quintal ou no banheiro do apartamento; não é decente permitir que a população animal cresça desenfreadamente, sofrendo todo tipo de crueldade pelas ruas, sem políticas públicas adequadas de saúde e defesa, como estabelece a legislação; não é decente virar as costas e dizer que o problema é de qualquer outro, menos seu.
Ainda bem que o mundo evolui, muitas pessoas estudam, se informam, e começam a entender que animal, sim, tem direitos, da mesma forma que nós, humanos. Por um motivo bem simples: são seres vivos, como nós, que sentem dor, medo, frio, fome. Muitos deles têm uma inteligência notável e são capazes de sentimentos que os ditos animais racionais sequer passariam perto. E há leis que deveriam protegê-los e toda uma discussão ética em torno do que se pensa sobre bichos e a quantidade de atrocidades praticadas contra eles em pleno século 21.
E é para falar destes direitos que o grupo Vira-Lata, numa iniciativa inédita em Volta Redonda/RJ, realiza o primeiro Seminário de Direitos dos Animais da cidade. Serão 20 horas de debates, divididas entre amanhã e sábado, 2 e 3 de setembro, no Cine Teatro Gacemss. O encontro tem a co-realização do UniFOA, além de patrocínio e apoio de diversas instituições e empresas da região e traz para discutir o tema acadêmicos de universidades como UFRRJ, PUC-RJ, PUC-SP, Unirio, Unicamp, Unesp, e ainda profissionais atuantes no Ministério Público e Promotoria de Justiça do Estado de São Paulo.
Meio complicado dizer que todo este pessoal aí se preocupa com animal porque não tem outra coisa pra fazer, né? Trata-se de gente séria, que entende a causa animal como um problema socioambiental, portanto, de interesse público, no qual toda a sociedade deveria se envolver. Haverá palestras sobre o que fazer em situações de abuso e crueldade, a exploração dos animais em rodeios, visão biocêntrica dos direitos dos animais, exibição de documentários seguidos de debates.
O seminário é aberto a estudantes de direito, advogados, defensores de animais e simpatizantes da causa. Não é necessário ser da área jurídica para se inscrever. A entrada é franca e as inscrições podem ser feitas pelo site do Vira-Lata, onde também está a programação completa.
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