Uma pergunta feita por uma amiga na time line da rede social
mobilizou ainda mais as emoções que costumam borbulhar no mês de dezembro. Era
uma questão cujas respostas comporiam uma matéria e deveríamos responder in
box: tem alguma saudade que te marcou? Normalmente é preciso pensar um pouco,
mas minha fala veio instantaneamente: a saudade de uma infância que passei ao
lado de uma pessoa muito especial, que hoje não está mais por perto. Já se foi.
É sempre a mesma saudade, todas as vezes em que entro em momentos nostálgicos. É
sempre a mesma ausência que provoca aquela conhecida dorzinha no peito, um leve
stop no diafragma.
Tenho sentido este stop com muita frequência. A última foi
esta semana: saí da minha casa para caminhar, desci em direção à beira-rio e ao
virar a esquina dei de cara com um céu diferente, uma brisa diferente, um fim
de tarde com uma cor diferente. Um silêncio repentino pairou à minha volta,
como se o tempo tivesse parado. Senti um cheiro. E dentro de mim o tempo
realmente parou. Tentei respirar fundo, mas era como se o ar não entrasse. E
meus olhos transbordaram. Uma emoção indescritível, porque, apesar de saber de
onde (ou de quem) vem esta nostalgia, é algo que não se expressa.
Tudo se repete, até mesmo a hora do dia. Das outras vezes em
que me emocionei desta forma também era fim de tarde, com um céu significativo
e uma brisa e um cheiro. Numa delas estava longe de casa, dentro de um ônibus.
Ao fazer uma curva, dei de cara com uma montanha verde, em contraste com aquele
azul muito azul de cidade litorânea. Janela aberta, vento na cara, e o tal
cheiro, o mesmo. O diafragma estacou e chorei na frente daquele povo todo. O
sentimento de nostalgia é claro, nítido, pois nestes momentos quase posso ver
uma imagem diante de mim, que me acompanha há um tempo.
Tem se tornado cada vez mais comum; em tardes nubladas é
ainda pior. E neste dezembro até agora diferente, em que tem feito até um
friozinho pelas bandas de cá, preciso me controlar para não cair em pranto em
qualquer lugar.
Tanto blá-blá-blá é para dizer que com tudo isso fica mais
difícil gostar de Natal. É muita lembrança - mesmo que seja boa - a machucar a
alma e não há fortaleza interior que resista a tamanha saudade. Como disse uns
anos atrás numa outra crônica, o tempo passa devagar para quem sente dor, principalmente
a dor da ausência.
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2 comentários:
Parece até que foi eu que escrevi. Hj mesmo me deu isso, no ônibus, vindo pro trabalho, a lágrima escorreu embaixo do óculos de sol.
Olá!
Passei, desta feita para te desejar um Feliz Natal e um Bom Ano Novo!
Que ele traga mais da tua inspiradora escrita!
~Beijinhos, fica bem.
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