O fato é real, sem os nomes dos envolvidos
O menino chega em casa com uma prova de Geografia na mão, corrigida pelo professor, para a mãe assinar dando ciência. Ele é aluno do 6º ano do Ensino Fundamental de escola particular de Volta Redonda. O garoto acertara cinco de oito questões. Nada mal.
Ruim mesmo era o português do professor ao escrever os enunciados das questões da prova. Numa delas, a mais gritante, em oito linhas de texto não havia sequer um ponto! Era um texto com lacunas que o aluno deveria preencher com as palavras corretas. Além da pontuação sofrível, havia dois erros de concordância verbal na mesma linha.
A mãe é obrigada a chamar a atenção do filho para os erros cometidos na prova, alertando para a distração na hora de interpretar as questões etc. Mas, por outro lado, fica indignada com um professor (?) que comete erros primários como os observados em duas páginas de prova. Por impulso, ela corrige com caneta vermelha as oito linhas da questão de número 4. No entanto, não pode dar ao filho esse prato cheito diante daquele que se coloca à frente dele como instrutor dentro da sala de aula. Apesar de tudo, ele é o professor, portanto deve continuar sendo respeitado. Difícil. Complicado.
Invariavelmente, nas reuniões de pais, os responsáveis pelos alunos são chamados à atenção para o compromisso diário com as atividades escolares dos filhos. A disciplina, as exigências, os limites, os hábitos de estudo e leitura. Mas, e na escola? Como nós, pais, podemos saber de que forma os professores estão sendo exigidos em seus conhecimentos mais básicos, para terem a mínima condição de estarem numa sala de aula como responsáveis pelo desenvolvimento intelectual dessas crianças?
O despreparo é geral. Há inúmeros professores em salas de aula espalhadas por todo o canto que dizem “vou estar corrigindo”, “vamos estar apresentando”. Aff... que cansativo! Desde que meu filho estava no maternal, convivo com os arrepios causados pela leitura dos comunicados que vêm na agenda. E ele sempre estudou em escola particular, de onde esperamos melhor qualidade no ensino.
É consenso entre especialistas que o fraco desempenho em interpretação de textos, identificado, por exemplo, na Prova Brasil de 2007, é resultado da falta de hábito de leitura entre os jovens e, surpreendentemente entre os professores! Uma pesquisa da Confederação dos Trabalhadores em Educação, publicada em 2003, mostra que 60% dos professores de ensino básico não têm o costume de ler.
Quando comecei a dar aulas na faculdade apliquei um exercício com os alunos, para conhecê-los. Fiz cinco questionamentos sobre a origem deles, expectativas para o futuro, o que esperavam do curso e da profissão. De cerca de 20 alunos, posso dizer com certeza que seis sabiam colocar as ideias no papel. E um deles me deixou pasma: disse, com todas as letras “d-e-t-e-s-t-o ler”. E estava ingressando no curso de Jornalismo!
Essa galera entra no Ensino Fundamental, passa por mãos de professores que não leem, que falam e escrevem errado, e chega ao Ensino Superior assim, “sem noção”. Não quero isso para o meu filho e tento orientar o melhor possível em casa, para que não dependa apenas dos professores. Sinto muito dizer isso, mas a realidade está aí para todo o mundo ver, se quiser ver. É claro que há exceções, mas a quantidade de despreparados é muito grande.
Ruim mesmo era o português do professor ao escrever os enunciados das questões da prova. Numa delas, a mais gritante, em oito linhas de texto não havia sequer um ponto! Era um texto com lacunas que o aluno deveria preencher com as palavras corretas. Além da pontuação sofrível, havia dois erros de concordância verbal na mesma linha.
A mãe é obrigada a chamar a atenção do filho para os erros cometidos na prova, alertando para a distração na hora de interpretar as questões etc. Mas, por outro lado, fica indignada com um professor (?) que comete erros primários como os observados em duas páginas de prova. Por impulso, ela corrige com caneta vermelha as oito linhas da questão de número 4. No entanto, não pode dar ao filho esse prato cheito diante daquele que se coloca à frente dele como instrutor dentro da sala de aula. Apesar de tudo, ele é o professor, portanto deve continuar sendo respeitado. Difícil. Complicado.
Invariavelmente, nas reuniões de pais, os responsáveis pelos alunos são chamados à atenção para o compromisso diário com as atividades escolares dos filhos. A disciplina, as exigências, os limites, os hábitos de estudo e leitura. Mas, e na escola? Como nós, pais, podemos saber de que forma os professores estão sendo exigidos em seus conhecimentos mais básicos, para terem a mínima condição de estarem numa sala de aula como responsáveis pelo desenvolvimento intelectual dessas crianças?
O despreparo é geral. Há inúmeros professores em salas de aula espalhadas por todo o canto que dizem “vou estar corrigindo”, “vamos estar apresentando”. Aff... que cansativo! Desde que meu filho estava no maternal, convivo com os arrepios causados pela leitura dos comunicados que vêm na agenda. E ele sempre estudou em escola particular, de onde esperamos melhor qualidade no ensino.
É consenso entre especialistas que o fraco desempenho em interpretação de textos, identificado, por exemplo, na Prova Brasil de 2007, é resultado da falta de hábito de leitura entre os jovens e, surpreendentemente entre os professores! Uma pesquisa da Confederação dos Trabalhadores em Educação, publicada em 2003, mostra que 60% dos professores de ensino básico não têm o costume de ler.
Quando comecei a dar aulas na faculdade apliquei um exercício com os alunos, para conhecê-los. Fiz cinco questionamentos sobre a origem deles, expectativas para o futuro, o que esperavam do curso e da profissão. De cerca de 20 alunos, posso dizer com certeza que seis sabiam colocar as ideias no papel. E um deles me deixou pasma: disse, com todas as letras “d-e-t-e-s-t-o ler”. E estava ingressando no curso de Jornalismo!
Essa galera entra no Ensino Fundamental, passa por mãos de professores que não leem, que falam e escrevem errado, e chega ao Ensino Superior assim, “sem noção”. Não quero isso para o meu filho e tento orientar o melhor possível em casa, para que não dependa apenas dos professores. Sinto muito dizer isso, mas a realidade está aí para todo o mundo ver, se quiser ver. É claro que há exceções, mas a quantidade de despreparados é muito grande.
Mais uma vez penso na história de cada um fazer a sua parte. Os governos têm responsabilidades, as políticas educacionais não são satisfatórias, a educação no Brasil não acompanha o ritmo acelerado do avanço tecnológico, mas, vamos combinar. Um professor que já passou por uma graduação e se dispôs a dar aulas, tem obrigação de se preparar corretamente para ensinar. É o que penso. Podermos ser melhores, se quisermos.
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4 comentários:
Concordo Giovana.
É difícil entregar as crianças nas mãos de professores desqualificados que não têm o menor gabarito para serem chamados de educadores.
Minha irmã passa pelo mesmo problema e, pelo visto, trocar de colégio não será a solução.
Ótimo texto,
Beijos,
Edison.
Está tudo errado nesse país. Dia desses li no G1 que existem professores que cursaram até o nono ano dando aula no segundo grau. Inacreditável! Só mesmo nesse país.
Fato é que está tudo errado, desde o CA até a faculdade. A família joga toda a responsabilidade na escola, que muitas vezes não está completamente preparada para enfrentar o tranco, e nem deve tomar toda a responsabilidade para si mesmo, a família tem que ser parte ativa disso.
No meio dessa confusão está o aluno, que não tem interesse por nada e só quer saber de vadiar, aí fica difícil. Como educar alguém que não quer ser educado?
infelizmente essa é a nossa realidade.
postei ontem no meu blog algo parecido, num diálogo quer tive no msn com a marcia (fortes). ela fala da dificuldade em dar aula para alunos que são como frutas maduras e podres por dentro (ela dá aula para os alunos do primeiro ano de direito da ugb).
é exatamente isso que acontece. o exemplo deve vir dos pais, no dia-a-dia, mas não acontece, eles deixam toda a responsabilidade para a escola, que não é grande coisa... mesmo as particulares.
Hoje não estou muito inspirada, mas preciso deixar uma opinião.
Sei que ainda sou nova, que não tenho filhos, porém sempre tive a preocupação de como irei criar meus futuros filhos em um país que não tem educação, qualidade de vida.
É possível melhorar, mudar. Cada um precisa fazer sua parte. Se em escolas particulçares encontramos casos desses, meu Deus, para onde iremos recorrer?
A educação vem de casa e é complementada na escola.
Giovana, você está certa de pensar assim e fazer o que faz. São esse tipo de pessoa , com iniciativa, que o mundo precisa.
Beijos
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