Entramos na Semana Santa e com ela acompanhamos todos os rituais católicos que se arrastam até o domingo de Páscoa. Nada contra, com todo o respeito. É que não sou católica, por isso assisto à certa distância a programação religiosa desses dias.
Ontem, por exemplo, foi domingo de Ramos. Aquele dia em que os fiéis levam ramos de árvores à missa para benzer. O dia que abre solenemente a Semana Santa e é chamado assim porque o povo de Jerusalém cortou todos os tipos de ramagens e folhas de palmeiras para cobrir o chão onde Jesus passaria, montado num jumento, ao entrar na cidade. Com as folhas nas mãos, o povo o aclamava “Rei dos Judeus”, “Hosana ao Filho de Davi”, “Salve o Messias”... E assim, Ele entrou triunfante na cidade, momento em que teve início a trama política para condená-lo à morte.
Já para mim, bem particularmente, domingo de Ramos significa dar de cara com minha palmeira de múltiplos troncos totalmente depenada. Ela fica na minha calçada e há seis anos isso acontece. Anualmente ela é obrigada a servir aos fiéis da igreja de Santa Edwirges, no meu bairro. Pelo menos os meus vizinhos católicos têm o cuidado de deixar os brotos. E eu, pacientemente, assisto à distância. Fazer o quê?
Minha palmeira, coitadinha
Há poucos dias passei por um procedimento cirúrgico e contei com a companhia da minha mãe, na minha casa. Numa quinta-feira à noite ela me perguntou: “Amanhã vou trazer um peixe pra nós; algum problema pra você?”. Ainda bem que pensei rápido, antes de falar qualquer bobagem. Afinal sou muito boca-aberta e tenho o péssimo hábito de falar sem pensar. “Ah é, mãe, sexta-feira de Quaresma, né? Pode trazer, sim.” Minha mãe, muito católica, não come carne às quartas e sextas durante toda a Quaresma e eu, embora criada no catolicismo, simplesmente não lembro disso.Segundo o catolicismo, não comer carne neste período seria uma forma de respeitar a morte de Jesus, o dia em que seu corpo foi castigado e seu sangue derramado. Mas o que vejo por aí, como sempre, é a deturpação da tradição (como penso que se faz no Natal). A Igreja pede o jejum, e a maioria das pessoas, por ‘não poder comer carne’, promove a orgia do peixe. Na imprensa não se fala em outra coisa: o preço do pescado para a Semana Santa, o bacalhau sempre caro, receitas variadas de preparo etc etc. Claro que se fala nos rituais da semana, mas o que o povo quer mesmo é bacalhaaau!
No sábado de Aleluia, a onda até hoje é queimar Judas, aquele que delatou Jesus... mas pra mim essa prática traduz-se em incitação à violência. Já no domingo de Páscoa comemora-se a ressurreição de Jesus Cristo e por isso come-se muito chocolate, que o coelhinho botou. Tudo a ver né, gente?
E eu, como sempre, assisto, comendo chocolate, claro. Fazer o quê?
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3 comentários:
tadinha da palmeiraaaa!
eu não vou comer carne, mas isso não quer dizer q tenhamos q comer só peixe! tem macarronada, beringela à milanesa, suflê de palmito, nhoc de ricota e espinafre com molho branco... hummmm!
Sabe, Giovana, você não convence quando quer fazer papel de vítima ou de santa... melhor desistir, viu? rsrsrsrs
comer chocolate pode!!!
Tadinha da palmeira.
Eu tbm não sou católica, mas respeito, não ligo de comer ou não carne. Acho bacana quem não come, mas na verdade o respeito a morte e ressurreição de Jesus deve estar presende em nossos corações todos os dias.
beijos
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