Giovana Damaceno
Há cerca de dois meses escrevi para o jornal Volta Cultural sobre o que sofri com uma infecção renal, por conta do péssimo atendimento que tive num hospital particular de Volta Redonda. O texto é mais um questionamento sobre o compromisso ético da classe médica com o que eles juram na colação de grau, mas que acabam não cumprindo, ou cumprindo pela metade, ou simplesmente ignorando, por uma série de fatores sociais ou de (mau) caráter mesmo.
O caso dos formandos do curso de medicina de Londrina, no Paraná, é mais um motivo para que fiquemos atentos ao nível dos profissionais médicos que estão sendo colocados nos hospitais do país. Um grupo de 14 ou mais alunos universitários comemoram o fim do estágio em um bar e, não satisfeitos, resolvem terminar a festa no pronto socorro do Hospital Universitário, aprontando uma baderna sem tamanho, com direito a gritaria e fogos de artifício no pátio do hospital.
A reitoria da universidade, claro, suspendeu a colação de grau, justamente. Afinal, que tipo de médico pretende ser o indivíduo que, antes de sair da faculdade, já dá mostras de tamanha irresponsabilidade? O que não fará com uma vida em suas mãos?
Mas a justiça em nosso país nos deixa boquiabertos. Os estudantes foram autorizados a colar grau por meio de liminar e, o que é mais assustador nessa história, foram protegidos pelos outros colegas de turma para que não fossem identificados durante a solenidade. Enfim, uma vergonha, e ao mesmo tempo um belo exemplo de falta de ética coletiva.
Como confiar em qualquer dos médicos formados nessa turma? Como saber se, ao chegar ao pronto socorro de um hospital, não estarei entregando minha vida a um desses irresponsáveis?
Está aí o retrato bem pintado da educação no Brasil. Um ótimo exemplo para repensar como os jovens estão chegando às universidades, totalmente despreparados educacional, cultural e eticamente. Não possuem aquela ‘educação que se traz de casa’, e as instituições de ensino, por sua vez, limitam-se a passar o conteúdo estritamente necessário e empurrar a fila para frente.
Não sei se sinto vergonha, desânimo ou medo.
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2 comentários:
Há que se sentir vergonha, desânimo e medo ao mesmo tempo. A matéria é pertinente e vem a calhar com a virada do ano... é utópico pensar num Ano Novo maravilhoso, quando os valores se mostram tão invertidos...
deplorável.
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