Por Giovana Damaceno
Você deve conhecer. Todo mundo conhece. Sabe do que estou falando. Daquelas pessoas que rodam, rodam e acabam parando sempre no mesmo lugar. Não sei se por insegurança, por medo de mudar, comodismo, preguiça ou receio de encarar uma nova conquista, começar de novo. O fato é que cada vez mais pessoas, depois de separadas de um relacionamento, acabam se unindo a velhos amigos, a amigos do ex-marido ou da ex-mulher, gente da própria família.
Exemplos não me faltam. E com certeza a você também não. Tenho uma amiga que após 22 anos de separação casou-se com o ex-marido da irmã dela. Complicado até para explicar. Lembra bem a letra de uma música, se não me engano do folclore nordestino, que diz mais ou menos assim: esse garoto é filho do meu filho/sendo filho da minha sogra é irmão da minha mulher/ele é meu neto e eu sou cunhado dele/minha sogra é minha nora e meu filho meu sogro é/nesta confusão eu já nem sei quem sou/acaba este garoto sendo meu avô.
Há uma crônica que escrevi aqui pro Volta Cultural que fala sobre o pavor que muita gente tem das mudanças naturais que ocorrem pelo simples fato de estarmos vivos. Se não for por medo, é no mínimo falta de criatividade para buscar algo novo na vida. Há poucos dias encontrei uma velha conhecida, separada também. Quando casada, era o belo exemplo de esposa e mãe. Não sei qual foi o motivo do fim, mas ela está exultante com um novo relacionamento, que data de poucos meses. E a atual paixão é ninguém menos que o melhor amigo do ex. Fala sério! Não tenho nadica de nada a ver com a vida de ninguém, mas penso se não havia alguém melhor, que trouxesse novos ares. Será que viver é mesmo reviver?
Situação oposta, porém igual, é a de um conhecido que se casou com a melhor amiga da ex, com quem já havia se relacionado mui intimamente antes dessa mesma ex. Este aí, então, bateu o recorde de ficar parado no mesmo lugar. Ô lôco!
A psicóloga Lidiane Gouvêa, com quem bato um papo semanalmente, simplifica este comportamento. “Quase 100% das pessoas é assim, mesmo que não percebam. É uma insegurança, um medo muito natural de sair da zona de conforto. É como uma pessoa que quer se mudar, mas se recusa a sair do próprio bairro, pois seria desconfortável, trabalhoso, freqüentar um novo supermercado, uma nova farmácia, conhecer novos vizinhos. É difícil ousar”, arrisca.
Mas, já como dizia um velho amigo poeta, o amor é cego, surdo, mudo, sem tato, sem olfato, e sem passado! O que vale nesta efêmera existência é ser feliz, não importam os caminhos que escolhemos para viver essa tal e tão complicada felicidade. Indo e voltando, feito bumerangues, essas pessoas pelo menos estão tentando... tentando... E claro que isso é válido, né?
E já que essa conversa veio parar aqui, é de felicidade que gostamos de falar em todo final de ano. Pois bem. Com conforto ou sem conforto, seguro ou inseguro, com amores novos ou com velhos amores, que sejam todos felizes agora e sempre.
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Um comentário:
Também isso é um assunto que me incomoda: a própria acomodação. Tem mesmo tudo isso que você disse aqui e mais um fator que hoje deve ser levado muito a sério, pois já é estudado e diagnosticado por autoridades no assunto. Esse medo de mudanças em excesso pode ser doença mesmo. beijos adorei a crônica.
Giovana, me desculpe, só esta semana recebi seu recado sobre o programa de rádio. Tive uns problemas pessoais que me absorveram bastante nos últimos dias. Quando acontecer de novo, me avisa.
beijos
Parabéns pelo blog!
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