Por Jader Moraes
É tão bom quando fechamos um livro com a sensação de ter lido uma grande obra. Já me senti algumas vezes assim, com Machado de Assis, J.k. Rowlling, Mitch Albom. Abusado, o dono do morro Dona Marta me trouxe de volta essa sensação. A obra de Caco Barcellos não acaba ali, no fim de suas 560 páginas. Abusado é só o ponto de partida para um reflexão ainda mais ampla.
O livro-reportagem conta, quase que em forma de romance, a história recente da favela carioca, através da agitada e inacreditável vida de Juliano VP, codinome falso de um famoso traficante, o personagem principal que dá titulo ao livro (ele é o ‘Abusado’).
Junto com Juliano embarquei num mundo ainda desconhecido, visitei todas as vielas da favela, conheci cada morador, entendi o modus-operandi do tráfico, descobri um sonhador, um ideólogo, o lado certo da vida errada.
Percebi outros pontos interessantes também:
1. A sociedade e o setor público só olham para a favela a partir do momento em que os ‘favelados’ começam a se tornar uma ameaça.
2. A criminalidade no Brasil é, quase que invariavelmente, fruto de injustiças sociais. Os bandidos, em sua maioria, são tão vítimas quanto eu ou você; atrás das máscaras e armas existem homens e mulheres. E isso é o mais importante.
Abusado é uma obra instigante, sensível, cruel. Surpreendente do início ao fim. O retrato de uma cidade partida, que se esbarra de vez em quando. A “crônica de uma morte anunciada”, como bem definiram alguns jornais à época do lançamento.
Não sei se as mazelas sociais são as únicas responsáveis por este estado de quase-caos que chegamos, mas tentar erradicá-las já seria um bom ponto de partida.
Em meio a tanta porcaria, tanto lixo que vemos na TV hoje, a obra de Caco é um raro sinal de lucidez e nos deixa uma certeza (ou esperança?): sim, existe vida inteligente na mídia!
"Obrigado meu pai por mais um dia de vida nesta tua terra maravilhosa..!"
- Juliano VP, a cada cinco minutos -
É tão bom quando fechamos um livro com a sensação de ter lido uma grande obra. Já me senti algumas vezes assim, com Machado de Assis, J.k. Rowlling, Mitch Albom. Abusado, o dono do morro Dona Marta me trouxe de volta essa sensação. A obra de Caco Barcellos não acaba ali, no fim de suas 560 páginas. Abusado é só o ponto de partida para um reflexão ainda mais ampla.
O livro-reportagem conta, quase que em forma de romance, a história recente da favela carioca, através da agitada e inacreditável vida de Juliano VP, codinome falso de um famoso traficante, o personagem principal que dá titulo ao livro (ele é o ‘Abusado’).
Junto com Juliano embarquei num mundo ainda desconhecido, visitei todas as vielas da favela, conheci cada morador, entendi o modus-operandi do tráfico, descobri um sonhador, um ideólogo, o lado certo da vida errada.
Percebi outros pontos interessantes também:
1. A sociedade e o setor público só olham para a favela a partir do momento em que os ‘favelados’ começam a se tornar uma ameaça.
2. A criminalidade no Brasil é, quase que invariavelmente, fruto de injustiças sociais. Os bandidos, em sua maioria, são tão vítimas quanto eu ou você; atrás das máscaras e armas existem homens e mulheres. E isso é o mais importante.
Abusado é uma obra instigante, sensível, cruel. Surpreendente do início ao fim. O retrato de uma cidade partida, que se esbarra de vez em quando. A “crônica de uma morte anunciada”, como bem definiram alguns jornais à época do lançamento.
Não sei se as mazelas sociais são as únicas responsáveis por este estado de quase-caos que chegamos, mas tentar erradicá-las já seria um bom ponto de partida.
Em meio a tanta porcaria, tanto lixo que vemos na TV hoje, a obra de Caco é um raro sinal de lucidez e nos deixa uma certeza (ou esperança?): sim, existe vida inteligente na mídia!
"Obrigado meu pai por mais um dia de vida nesta tua terra maravilhosa..!"
- Juliano VP, a cada cinco minutos -
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4 comentários:
Abusado, está em minha lista, depois de Rota 66 será o próximo.Aparentemente esta obra de 'Caquinho', rs é um 'romance'. Me refiro assim porque precisa ser 'artista' para escrever a realidade sem chocar o leitor.Me apaixono por este autor, jornalista e acima de tudo ser humano a cada linha que leio do Rota, parece que vivo a história. É admirável como ele consegue prender e nos provocar sentimento de revolta, quando lemos seu livro.Estou apaixonada pelo baixinho Caco Barcelos. rsrs
Beijos a todos
Putz por incrível que pareça ainda não li este livro. Esse negócio de faculdade e depois pós...nos obriga sempre a ler livros didáticos.
Realmente é um grande livro, uma narrativa tão fantástica que até me perguntava se não era ficção, Caco é um mestre nesse universso do jornalismo literário onde poucos jornalistas se arriscam por tamanha a responsabilidade da imparcialidade com os fatos respeitando a opinião de cada leitor ao tema, não criando dogmas preconceituosos, sempre me pergunto se o "VP" era o bandido ou mocinho?, de fato coloco "Abusado" ao mesmo patamar de "A sangue frio" de Capote o grande mentor dessa forma crua, direta e emocionante que é o jornalismo literário.
Pára tudo e chama a NASA!!!! Abusado é perfeito!!!!! Conta com riqueza de detalhes do dia a dia de um dos bandidos mais perigosos da nossa história recente. Eu indico. Assim como A Irmandade do Crime, que conta como nasceu o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital; Elite da Tropa, que, me fascinou muito antes do filme do Wagner Moura e alguns outros. Querendo indicação, é só pedir... eheh!
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