2 de dezembro de 2011

Quatro respostas


Interessante como alguns leitores e pessoas que me seguem reagem ao que digo no blog e nas redes sociais. No blog, por exemplo, embora haja espaço para comentários, não são poucos os retornos que recebo por email. O mesmo ocorre com o Facebook. Por se tratar de espaço de visibilidade pública, muitos não querem expor suas falas à bisbilhotice alheia, até porque, na maioria das vezes, quando me procuram em particular é para algo mais que simplesmente emitir uma opinião.

Há casos sérios e também os hilários. Recentemente postei no Twitter os versos do refrão da música “Quatro vezes você”, sucesso da banda Capital Inicial: “O que você faz quando / Ninguém te vê fazendo / Ou o que você queria fazer / Se ninguém pudesse te ver". Uma resposta engraçadinha apareceu e só. No Facebook – que tem conexão direta com o Twitter –, também houve alguma manifestação. Mas, por email, foram quatro mensagens dos que preferiram me contar ‘pessoalmente’ o que gostariam de fazer ou fazem quando ninguém está olhando. Foram três desconhecidos e uma conhecida.

Um deles falou de dedo no nariz. “A sensação é muito relaxante”. Porém, nem sempre dá sorte de fazer isso sozinho, pois se esquece e o faz no carro, ao volante. Deve ser destes motoristas que pensam ser únicos no planeta no momento em que dirigem. “Já fui flagrado algumas vezes; antes ficava constrangido, mas agora até que não”. Outra travessura que faz enquanto dirige é se masturbar. “Mesmo assim acaba nem sendo tão escondido, porque tem o povo que passa de ônibus. Uma dona me viu uma vez. Fiquei vermelhão de vergonha. Broxei.”

As fantasias sexuais continuam na pauta: uma mulher me contou, sem muitos detalhes, que gosta de comprar apetrechos em Sex Shop “e transar comigo mesma diante do espelho do meu quarto”. Não sei se é casada, se tem filhos, onde mora. Deve ter encontrado meu email no perfil do Face e se correspondeu como anônima (aliás, com exceção da pessoa que conheço, o resto deve ter encontrado meu email deste modo). Difícil é não imaginar a criatura fazendo mil e uma estripulias acompanhando os movimentos de sua própria imagem.

Numa outra mensagem, uma mulher, a que conheço, diz que roubaria uma ou mais lojas de sapatos, sem medo, sem culpa. “Não tenho nem mesmo aquele sonho de entrar na loja e dizer ‘vou levar todos’. O desejo é de entrar sorrateira, quando não tiver ninguém, botar tudo no carro. “E ficaria horas no meu quarto calçando um por um. Espalharia na cama, no chão, dormiria com eles”. Embora saiba quem é, não é minha amiga. Não tinha a menor ideia desta tara por sapatos.

A quarta pessoa, que não identifico se é homem ou mulher, não relatou um desejo contido. Disse que gostaria de ser sozinha(o) para poder fazer muita coisa, mas nunca pode estar com ela(e) mesma(o). “Não quero fazer nada de mais. Apenas estar só”. Caraca. Tanta gente reclama de solidão e alguém me diz que gostaria de estar só e não pode. Não explicou por que, apenas expôs o que queria. Viajei na história e nos possíveis motivos de tal angústia. E fiquei com vontade de conhecer a pessoa (talvez conheça) e entender esta necessidade por um pouco de solidão. Algo que todos precisam de vez em quando, não é impossível, mas ela(e) não consegue.

Fiquei com estes relatos guardados por mais de uma semana sem comentar com ninguém. Ri um bocado ao ler os três primeiros e ainda me intriga o último. Todos, até agora, pareciam objetos valiosos trancados numa caixinha e que me confiaram guardar. Não sei por que silenciei, mas hoje resolvi escrever a respeito. São histórias de pessoas e eu escrevo sobre pessoas. E se me enviaram é porque, quero crer, gostariam que as usasse de alguma forma. Gostei da experiência.
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2 comentários:

Carol Bentes disse...

Huahuahuahaa' PQP!
Esses dois primeiros ganham hein!

E esse último... bem interessante. Solidão às vzs é bom

Carol Cunha disse...

O que eu faço é falar. Isso mesmo, falar sozinha!! Mas não é falar, tipo pensando alto, não!! É bater altos papos, gesticulando, me expressando indignada; com caras e bocas e braços e mãos!! O pior é ser flagrada. E já fui!! Horrível!! Sempre tento cantarolar na hora, para dar a entender que estava cantando... Mas acho que não cola muito. Fica mais esquisito ainda. É,sou estranha mesmo. Melhor admitir logo!!