Conviver com
gatos tem sido a grande novidade da minha vida doméstica. Desde o início do ano
há duas felinas na minha casa, com quem divido sala, cozinha, banheiro e sofá.
Pra quem só conheceu a personalidade e o temperamento caninos desde sempre,
posso chamar esta nova fase com Flora e Zoraide de aventura.
Engana-se
quem pensa que gatos são traiçoeiros, egoístas e que só se prendem ao local em
que vivem. Esta foi a primeira surpresa com elas. Uma mais moleca e a outra
mais quieta, não diferem em nada quando o assunto é carinho. Flora gosta de
subir à mesa e ficar ao meu lado enquanto trabalho; Zoraide me acompanha a
qualquer lugar da casa por onde eu circular. Até banheiro. Se chego à janela e
Flora está lá fora, pula de volta e fica a meu lado. Se vou para meu quarto
recostar o esqueleto e ver um pouco de TV, as duas ficam por perto. Impossível
ficar sentada na cozinha, sem Zoraide se esfregando nos meus pés. Quando se
cansa, deita e fica ali, curtindo minha companhia, e eu a dela, claro.
Gatos são independentes. Demonstram sua afeição de modo próprio, sem que a gente fique paparicando, como fazemos com os cães. Estão sempre próximos, sobem ao colo quando bem entendem e são capazes de fechar os olhinhos quando recebem um afago. Mas não gostam dos festejos exagerados, algo que tive que aprender rápido. Acostumada com cachorro, pensava que poderia abordar e brincar com gatos da mesma forma. Depois de algumas mordidas fui me acostumando a tratá-los com um pouco de serenidade e elegância.
Gatos são independentes. Demonstram sua afeição de modo próprio, sem que a gente fique paparicando, como fazemos com os cães. Estão sempre próximos, sobem ao colo quando bem entendem e são capazes de fechar os olhinhos quando recebem um afago. Mas não gostam dos festejos exagerados, algo que tive que aprender rápido. Acostumada com cachorro, pensava que poderia abordar e brincar com gatos da mesma forma. Depois de algumas mordidas fui me acostumando a tratá-los com um pouco de serenidade e elegância.
O mais legal
desta relação é justamente o que faz muita gente não gostar de felinos. Eles
não se submetem; estão sempre na deles e fazem o que bem entendem. E disso o
homem não gosta. É histórica a necessidade do ser humano de submeter animais
aos seus desejos e com gatos ele não consegue. Por isso, prefere dizer que gato
não presta, que não se apega. Eu adoro. Curto muito quando chego em casa e está
cada uma no seu canto, refestelada, descansadona.
Zoraide é
mais come-e-dorme; Flora, por ser ainda filhote, dá seus rolés pela vizinhança,
mas não vai longe. Ambas são castradas e não me trazem riscos de ninhadas
indesejadas. Afinal, felinos são difíceis de doar, por motivos já ditos. Aliás,
Flora chegou em nossas vidas porque foi abandonada, antes mesmo de completar um
mês de idade, numa caixa com mais quatro irmãos. Já Zoraide apareceu no meu
jardim, faminta e mal tratada. Não se sei se a jogaram aqui ou se foi atraída
por outros gatos que moram nas redondezas.
Quem pensa que
não se dão bem com cães, não sabe o quanto é pacífica a convivência delas com
meus cachorros, Barack e Bernadete. Ninguém dá bola pra ninguém. A não ser a
ousada Flora, que gosta de brincar com a cauda da Bernadete e esta nunca
reclama. Claro que quando Flora chegou, tão pequena que cabia na palma da minha
mão, ficou trancada dentro de casa muito tempo, até que tivesse tamanho e
esperteza para se defender sozinha, caso os cães se estressassem. Apenas Barack
a estranhou por um tempo, mas agora, nem se olham.
E o dia a dia com elas é hilário. Zoraide, simplesmente, mal me vê a caminho da cozinha e salta atrás de mim. Sabe que este meu movimento pode render-lhe mais uma refeição e sai na frente, senta-se perto do pote e mia, e chora, e olha pra mim como se estivesse há meses sem comer. E é ela quem ocupa um canto do meu sofá, de onde tenho que afastá-la quando preciso me sentar. A prioridade é sempre minha, claro. Mas não foi somente uma nem duas vezes em que, dando-lhe um chega pra lá, acabei sentando em cima do seu rabo. Gritaria certa, dela e minha, de susto.
Há um texto de um amigo, Gil Rosza, em que ele também fala de sua relação com gatos, não tão recente quanto a minha, mas ainda assim, uma novidade pra ele. Diz assim: “Ela não é meu bebê, não é gente, mas é uma companheira que sente, gosta ou desgosta, entristece, se alegra, sente falta, sente medo, está sujeita aos ciclos e quando quer, sente vontade de ficar algumas horas sozinha, longe dos meus olhos. Putz... eu também sinto isso!!!! Quem de nós não sente? (...) Ela não é gente, nem objeto, nem brinquedo, muito menos minha. Nós dois é que pertencemos à natureza. Compartilhamos neste planeta o mesmo espaço bioativo que é de uso comunitário de todos os vivos (bactérias e vírus, inclusive) sem distinção”. Nem preciso dizer mais nada.
E o dia a dia com elas é hilário. Zoraide, simplesmente, mal me vê a caminho da cozinha e salta atrás de mim. Sabe que este meu movimento pode render-lhe mais uma refeição e sai na frente, senta-se perto do pote e mia, e chora, e olha pra mim como se estivesse há meses sem comer. E é ela quem ocupa um canto do meu sofá, de onde tenho que afastá-la quando preciso me sentar. A prioridade é sempre minha, claro. Mas não foi somente uma nem duas vezes em que, dando-lhe um chega pra lá, acabei sentando em cima do seu rabo. Gritaria certa, dela e minha, de susto.
Há um texto de um amigo, Gil Rosza, em que ele também fala de sua relação com gatos, não tão recente quanto a minha, mas ainda assim, uma novidade pra ele. Diz assim: “Ela não é meu bebê, não é gente, mas é uma companheira que sente, gosta ou desgosta, entristece, se alegra, sente falta, sente medo, está sujeita aos ciclos e quando quer, sente vontade de ficar algumas horas sozinha, longe dos meus olhos. Putz... eu também sinto isso!!!! Quem de nós não sente? (...) Ela não é gente, nem objeto, nem brinquedo, muito menos minha. Nós dois é que pertencemos à natureza. Compartilhamos neste planeta o mesmo espaço bioativo que é de uso comunitário de todos os vivos (bactérias e vírus, inclusive) sem distinção”. Nem preciso dizer mais nada.
***
Parece coincidência: ao amanhecer esta segunda-feira, após postagem desta crônica, descubro que um (perdão) filho da p* abandonou um filhote de gato de menos de um mês de idade no meu quintal, na chuva(!). Juro que tento ser uma pessoa melhor a cada dia, mas é muito difícil não desejar que alguém faça o mesmo com este ser abjeto.
8 comentários:
que gracinha as suas gatas.
acho muito lindo, mas elas lá e eu aqui. como nós já conversamos não posso ter por alergias e outras coisas.
adorei o texto, principalmente por demonstrar tão bem o carinho por elas.
Puxa, vc descreveu o comportamento da minha cachorra Bella!!! Bem q a gnt dizia q ela era mais felina do q canina, rs
Concordo com tudo o q vc escreveu Giovana! Gatos são bichinhos tão fofos qnt os cachorros, e tão carinhosos qnt também. Mas cada um tem sua forma de agir para demonstrar, assim como nós, humanos.
Queria poder criar gato, por toda minha vida tb só tive essa experiência com cães... Mas sou a única aqui em casa que quer isso, então... =(
Como sempre dando um show com os seus textos.
Queria gostar de animais. Acho que é por isso, que tenho um péssimo humor. Rsrs.
Pode apostar nisso, Carlúcio.
Só quem tem o privilégio de conviver com gatos sabe a dor e a delícia que é. E, como sempre, você soube descrever isso muito bem em seu texto.
Meu gato passeia comigo e meus cães pelo bairro, sem estar preso à coleira, já correu atrás de cachorro, vive levando camundongos para brincar no jardim, apronta mil e umas, rs, mas sempre sabe ser carinhoso e doce ... sou apaixonada por ele.
Beijo Gi!
Que beleza de texto! Eu também adoro gatos. Desde criancinha. É bom saber que tem mais gente que pensa assim como eu.
abraços.
Elas já se acostumaram comigo. Adorava ver a Flora filhote escalando o sofá!
Mas, confesso, prefiro os cães! Rsrrrs!
Cara Giovana
Tenho uma história meio parecida com sua. Meus filhos moram longe e num dessas vistas a casa, minha filha vê no telhado uma gatinha que não conseguia descer, e ela junto com o pai, resgataram-na. Acho que a grande conquista da minha filha, num foi sua independência profissional e financeira e sim conseguir criar uma gatinha onde mora, é que eu nunca deixei, o pai sempre apoiava, mas a palavra final sempre FOI a minha (rsrsrsrs- Que tirana!!) E ai, as férias acabaram, quem ficou??? A meliante(a gata) que dei o nome de Ameli, juntei , o artigo A + a metade do nome de meliante = Ameli. A pior parte reconhecer que estou apegada a ela. E que nesses dias de solidão, de ninho vazio, faz uma companhia tremenda. Ufa!!!! Aguentar marido, filha e filho, fazer gozação que estou apaixonada por Ameli é doloroso!?!?!?!?! Tudo bem, Tudo bem!... eu me recupero um dia. Beijos e obrigada por esse blog maravilhoso
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