Há poucos dias declaramos aqui no blog o nosso apoio ao manifesto do ator Pedro Cardoso contra a nudez desnecessária na teledramaturgia brasileira.
E recebemos um comentário da amiga Carolina Cunha a respeito. Claro que não vamos ficar com o texto dela bem guardado, né? Nossos quatro fidelíssimos leitores merecem conhecê-lo.
Então, aí vai:
"Olha, muito bom mesmo....um verdadeiro manifesto!!! Incrível como esta tensão a respeito da pornografia e demais questões atinentes ao universo da arte, tem tudo a ver com tudo o que se tem discutido atualmente no mundo, em outros universos.
Voilá, é a ideologia de mercado!! O mercado dominador, que determina e nos transforma, a todos, em seus objetos, ou produtos. Outro dia, só para exemplificar, estava vendo TV quando começava um comercial sobre o novo CD do Chitãozinho e Xororó. Eles próprios anunciavam o novo CD. E, ao invés de apresentarem este novo CD como sua "última obra", disseram ser seu "novo produto". Que feio!!!
Outro dia também, assistindo (leia-se: perdendo tempo) o programa da Luciana Gimenez, o tema em discussão era o funk da "Gaiola das Popozudas", um grupo de mulheres (mais parecem travestis) que dançam até o chão, com roupas que são meros adereços e quase não marcam presença nos corpos ultra malhados e volumosos das dançarinas. Sinceramente, deu pena de ver aquele circo todo! Que pena que esta
seja a ordem do dia. É muito cansativo, esgotante ver tanta arruaça por nada. O debate era: funkeiras X patricinhas educadinhas filhinhas da mamãe. Mais caricato e fake impossível!!! Aliás, este é o tom da atualidade deturpante. Ou você é 8 ou 80. Ou é a favor ou é contra e ai de você se ousar ponderar e argumentar com um “depende"....Ninguém vai te escutar; você vai ser jogado para escanteio e dado como sem opinião, sem outra chance!!! Mas, voltando ao debate, os temas eram: funk e pornografia. Foi só baixaria de todos os lados. As funkeiras tentando, bizarramente e sem nenhuma condição para tal, justificar, e esclarecer possíveis dúvidas sobre o significado de letras como "agora eu tô solteira e ninguém vai me segurar...(...)...vou para o baile de saia e sem calcinha...dou pra quem quiser...(...) ser amante é que é o bom..." Enfim, frases que são cantadas como hinos por muitas meninas e meninos em bailes funks que estão em todo o lugar. Olha, criticar este assunto é meio complicado, respeito o funk como expressão popular, mas nem ele está à salvo das artimanhas do "mercado" e se é pornografia que o mercado quer, então toma!!
E no final de tudo isso, me dá uma deprê por tudo e todas!! A discussão não é se é certo ou errado, mas se é apenas uma sensação diet light consumível e desacartável ou se ficará e nos fará pensar um pouco mais na vida e nos destinos deste mundo cão.
A discussão levantada pelo Pedro Cardoso é fundamental porque trata da alienação do ator; da sua submissão aos desejos dos diretores, autores e produtores e da sua pouca, ou nenhuma, participação nos rumos daquela obra, ou melhor, produto.
A TV, a internet e todos os apelos audiovisuais caminham em linha reta. Não fazem curva, não nos proporcionam mais reflexão, apenas sensações, como muito bem disse o PC.
É, como já diziam os Titãs: A televisão me deixou burro, muito burro demais!!! Agora vivo dentro desta jaula junto dos animais....(...) e todas as coisas me parecem iguais".
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