28 de outubro de 2008

O enterrado vivo

Drummond

É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.

.....É sempre no meu peito aquela garra.
.....É sempre no meu tédio aquele aceno.
.....É sempre no meu sono aquela guerra.

É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.

.....É sempre nos meus pulos o limite.
.....É sempre nos meus lábios a estampilha.
.....É sempre no meu não aquele trauma.

Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.
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